Por Kim Silvestre – Diretor de Performance |
Desvendando os dados de sell-out: o caminho para a eficiência comercial sem o D2C
A indústria de saúde, farmacêutica, cosméticos e bem-estar vive um dilema recorrente: como melhorar a previsibilidade de estoque sem uma operação direta ao consumidor (D2C). Empresas desses setores enfrentam a urgência de otimizar suas operações e estratégias comerciais, especialmente em um cenário onde a ausência de dados de venda final (sell-out) pode transformar estoques em pontos cegos. Nesse contexto, a reflexão sobre os dados de sell-out não é apenas relevante, mas fundamental.
O problema: depender de dados intermediários e perder visibilidade
Para empresas de saúde e beleza, que atuam com margens ajustadas e alta competitividade, a falta de visibilidade dos dados de sell-out prejudica desde a previsibilidade de estoque até a assertividade de estratégias de marketing. Sem o canal direto com o consumidor, essas empresas dependem de intermediários para obter informações sobre o que, onde e quando o consumidor final compra. A questão central? Esses dados nem sempre chegam em tempo hábil ou com o detalhamento necessário para decisões estratégicas, resultando em perda de oportunidades e ineficiência operacional.
No setor farmacêutico, por exemplo, a ausência de dados em tempo real pode significar o acúmulo de antigripais fora de época ou a ruptura de suplementos de alta demanda. Em cosméticos, onde as tendências mudam com rapidez, um estoque mal calculado gera tanto excessos quanto faltas, afetando a rentabilidade. Nesse cenário, a previsibilidade e a inteligência de dados se mostram ferramentas estratégicas que vão além do setor operacional, impactando a saúde do negócio.
O valor do sell-out: informações que guiam estratégias de estoque e marketing
Diferentemente do sell-in (dados de vendas para o varejo), o sell-out oferece uma visão da dinâmica real de consumo. Dados como o volume de vendas por SKU, localização e sazonalidade das compras, bem como as preferências dos consumidores, permitem ajustar o estoque de maneira mais precisa e identificar oportunidades de marketing direcionado. Ter acesso a esses insights proporciona uma visão clara do comportamento do mercado e apoia decisões como o posicionamento geográfico dos produtos, a gestão de promoções e até a concepção de novas linhas.
Para empresas que não operam no modelo D2C, captar esses dados de maneira ágil e confiável representa um desafio — mas não uma impossibilidade. A questão é: qual o caminho mais eficiente para obter informações que impactem o negócio de maneira prática e escalável?
Estratégias para capturar dados de sell-out: quick wins e soluções inovadoras
Embora não tenham um canal direto com o consumidor, empresas de saúde, beleza e bem-estar podem explorar alternativas viáveis para coletar dados de sell-out. Algumas das estratégias incluem:
- Parcerias com Varejistas: Redes de farmácias e supermercados podem compartilhar dados de vendas de produtos essenciais e sazonais, mas, por vezes, esses dados vêm com limitações. Ainda assim, essa relação pode oferecer uma visão macro do consumo, além de ajudar na negociação de prateleira e reposição.
- Plataformas de Marketplace: Alguns marketplaces fornecem dados de vendas aos seus fornecedores. Embora nem sempre seja possível acessar informações granularizadas, essas plataformas são uma porta de entrada para entender padrões de demanda e comportamento de compra em larga escala.
- Tecnologia de IoT e Visão Computacional: Algumas startups têm se destacado ao aplicar IoT e visão computacional no monitoramento de prateleiras, capturando dados em tempo real sobre a presença e o giro de produtos. Essas soluções permitem uma análise em tempo real da movimentação dos SKUs, reduzindo tanto o excesso quanto a falta de estoque.
- Soluções de Big Data e Inteligência Artificial: A análise de grandes volumes de dados, incluindo informações de redes sociais, pode oferecer insights para previsões de demanda e alinhamento de estoques com as tendências emergentes. Plataformas de Big Data combinadas com IA integram múltiplas fontes, criando previsões preditivas que apoiam na tomada de decisões rápidas e mais precisas.
O caminho adiante: inteligência cross-setores para uma eficiência maior
No final das contas, a questão da previsibilidade de estoque sem um canal D2C exige uma abordagem que vai além dos métodos tradicionais. A combinação de tecnologias emergentes, parcerias estratégicas e inteligência de mercado permite que as empresas captem dados significativos e transformem esses insights em vantagem competitiva. Na ACE Cortex, acreditamos que a solução para esses desafios mora na interseção entre inovação e eficiência operacional. Por meio de uma visão cross-setores, auxiliamos nossos clientes a adaptar práticas de outros segmentos e a aplicar a tecnologia como um meio para gerar valor — e não apenas como um fim em si.
Para os executivos desses setores, o próximo passo é refletir: quanto vale a previsibilidade para o seu negócio? E até que ponto estamos dispostos a transformar nossa relação com os dados para tornar essa previsibilidade uma realidade? Em um mundo onde quem não evolui é rapidamente deixado para trás, a escolha é clara: adaptar-se ou correr o risco de perder a relevância.